Este artigo tem por objetivo elucidar sobre os benefícios da música no período de distanciamento social, o auxílio da Musicoterapia e indicações práticas de como aplicar no cotidiano para melhores resultados.

Introdução

Já parou pra pensar a influência que a música tem sobre o ser humano?

Para a ciência não há dúvidas de que a música tem um impacto nas emoções, no comportamento e até mesmo na saúde de cada um de nós.

Uma linguagem forte capaz de nos fazer chorar, rir, dançar e refletir; não temos dúvida de seu poder de cura.

Como já dizia Rubem Alves, escritor, psicanalista e educador:

“Há músicas que contêm memórias de momentos vividos. Trazem-nos de volta um passado. Lembramo-nos de lugares, objetos, rostos, gestos, sentimentos. (…) Mas há músicas que nos fazem retornar a um passado que nunca aconteceu.” — Trecho do livro “Na Morada das Palavras” (Papirus Editora, 2003)

No período de quarentena, estamos socialmente isolados, limitado a quem vive conosco. O contato externo é pequeno e se dá com o auxilio da tecnologia, telefone, internet, entre outros. O isolamento social, voluntário ou forçado, pode ter consequências graves para o estado mental de quem é submetido a ele. Para quem já sofre de depressão ou outras doenças, o isolamento social pode causar o agravamento da situação. Em casos extremamente graves, a depressão e outras doenças psiquiátricas, em casos leves crises de ansiedade, insônia, falta de concentração, entre outros.

Afinal como a música pode ser de útil ajuda neste momento ?

  • Para que esta pergunta seja respondida é necessário viajarmos em uma pequena pesquisa a seguir :

Relatos de que a música faz bem para saúde são muito antigos, desde o período antes de cristo. Na mitologia grega Apolo era para além do deus da medicina, o deus da música. Com efeito, ao longo da história da humanidade as práticas de cura e a música surgem intercruzadas dado a ser a música considerada uma de várias práticas curativas, ou pelo menos cuidadoras.

Em 1914 durante o período da segunda Guerra Mundial, experiências musicais feitas com ex-combatentes demonstraram que a utilização da música e seus elementos ajudaram a diminuir a dor, o estresse e ansiedade os veteranos de guerra esses resultados deram origem a profissionalização da Musicoterapia.

  • Musicoterapia é a prática com a música no contexto clínico de tratamento, reabilitação ou prevenção de saúde e bem-estar esta terapia e não se limita apenas ao ouvir música mas a fazer música seja com instrumentos ou com o próprio corpo fluindo e conciliando os seus sentimentos com a música. Estamos rodeados por sons constantemente e o som nos                                                   influencia; se estamos em um local com muitos ruídos e barulhos automaticamente ficamos estressados ou incomodados, porém se ao contrário disso estivermos em um ambiente calmo sem barulhos ou ruídos, apenas com suave som do vento passando sobre a folhagem das  árvores  ficamos mais relaxados e calmos. A música  é  propagada  através  do som  exercendo um  poder  de influência sobre as nossas sensações, tendo o mágico poder de nos animar para a vida e de nos confortar para a morte.

Como o cérebro reage a Música ?

Um estudo publicado em 2014 na revista PLoS One¹ analisou como o cérebro funciona quando sob influência de música. Nesse estudo, os pesquisadores colocaram músicos de Jazz² para tocar seus instrumentos enquanto faziam uma ressonância magnética do cérebro. Esta prática serviu para averiguar quais partes do cérebro acendiam quando os músicos estavam tocando além de se constatar que todas as cargas foram de fato ativadas, os pesquisadores pediu que os músicos improvisassem em conjunto. Isso possibilitou a constatação de que o cérebro, quando estamos improvisando uma música em conjunto, funciona de uma maneira muito similar a quando estamos conversando oralmente com outra pessoa. Essa descoberta serve de respaldo para musicoterapia e seus benefícios para processos comunicativos, visto que as mesmas áreas de comunicação se acendem tanto quando estamos conversando como quando estamos tocando algum instrumento com outra pessoa.

Além disso, a música ativa diversas regiões do cérebro responsáveis pela memória, como o hipocampo. Isso faz com que ela possa ser utilizada de forma terapêutica em pacientes que sofrem com doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.

Anatomia do cérebro

Para que possamos entender de maneira definitiva como a música age no nosso cérebro, precisamos entender um pouco da anatomia desse órgão. Por se tratar de um aparelho muito complexo, vamos nos ater às regiões do cérebro que sofrem influência direta da música. Seja quando estamos tocando um instrumento ou quando estamos passivos, somente ouvindo uma música, diversas áreas do cérebro se ativam e começam a funcionar.

Corpo caloso (em laranja)

O corpo caloso é uma estrutura cerebral que conecta os dois hemisférios cerebrais, direito e esquerdo. Sua função é a transferência de informações de um hemisfério para o outro. Quando sob influência de música, essa área se ativa mais do que o normal.

Córtex sensorial (em vermelho)

O córtex sensorial é responsável pelo processamento de informações sensoriais, como tato, visão e audição. Ele consiste de uma série de neurônios sensoriais que traduzem as informações coletadas para o nosso cérebro. Quando sob influência de música, essa área do cérebro não somente processa parte da informação auditiva como também controla a resposta tátil quando tocamos instrumentos ou quando dançamos.

Córtex auditivo (em azul)

O córtex auditivo é quem “escuta” os sons e os processa na nossa mente. É quem percebe as variações de tom, ritmo e melodia.

Córtex motor (em amarelo)

O córtex motor também está imensamente envolvido em todo o processo de resposta tátil quando dançamos e tocamos instrumentos.

Córtex pré-frontal (em verde)

O córtex pré-frontal é a parte anterior do lobo frontal do cérebro e está relacionada ao planejamento de comportamentos e pensamentos complexos, expressão da personalidade, tomada de decisões e modulações de comportamento social.A música ativa fortemente essa área do cérebro e, como muitos pesquisadores indicam uma ligação entre a personalidade de uma pessoa e o córtex pré-frontal, é possível especular com certo respaldo científico sobre a influência da música na personalidade.

Córtex visual (em roxo)

O córtex visual, como o próprio nome nos leva a deduzir, é responsável pelo processamento de informações visuais. É uma área bastante ativa quando sob influência de música. Isso pode ser constatado não somente através de estudos com máquinas de ressonância magnética, como por nós mesmos, em casa. Afinal, quem foi que nunca ouviu uma música e visualizou uma cena na própria cabeça, não é mesmo?

Cerebelo (em rosa)

O cerebelo é a parte do cérebro responsável pela manutenção do equilíbrio, pelo controle do tônus muscular, dos movimentos voluntários e dos processos de aprendizagem motora. É de se esperar que essa área do cérebro esteja bastante ativa quando estamos sob influência de música, seja dançando, cantando ou tocando um instrumento, tendo em vista que todos esses atos requerem o uso das nossas funções motoras.

Hipocampo (em cinza)

O hipocampo é uma estrutura localizada nos lobos temporais do cérebro humano. É a principal sede da memória, sendo um importante componente do sistema límbico e de fundamental relevância para a navegação espacial. A influência da música no hipocampo é outra coisa que pode ser facilmente constatada por qualquer um de nós. As músicas, por estarem intimamente ligadas à emoções, despertam, muitas vezes, memórias profundas. Quem nunca ouviu aquela música que te fez lembrar do ex parceiro e ser atingido por um sentimento intenso de melancolia, que atire a primeira pedra.

Amigdala (em marrom)

As amígdalas são um grupo de neurônios que, juntos, formam o polo temporal do hemisfério cerebral. Essa região do cérebro faz parte do sistema límbico e é um importante regulador do comportamento sexual, do comportamento agressivo, das respostas emocionais e da reatividade a estímulos biológicos.É principalmente essa região do cérebro que é mais afetada quando ouvimos a uma música que nos toca profundamente.

Benefícios da musicoterapia

A musicoterapia tem vantagens que vão desde o desenvolvimento cognitivo até o alívio de dores crônicas e redução do risco de complicações cardíacas.

Abaixo alguns dos principais benefícios dessa prática terapêutica.

  • Estímulo do bom humor;
  • Redução do estresse;
  • Alívio de crises de ansiedade;
  • Melhora da expressão corporal;
  • Controle da pressão arterial;
  • Aumento da capacidade respiratória;
  • Alívio de dores de cabeça;
  • Estímulo da coordenação motora;
  • Auxílio na tolerância de dores crônicas;
  • Auxílio na tolerância ao tratamento contra o câncer;
  • Apoio ao tratamento de doenças neuropsiquiátricas;
  • Melhora nos distúrbios comportamentais;
  • Redução do risco de complicações cardíacas;
  • Melhora na qualidade de

Áreas da fisioterapia relacionadas à musicoterapia

As áreas da fisioterapia que mais utilizam a música durante a terapia são: Pediatria, Neurologia, Gerontologia e Saúde da Mulher.

Atuando, por exemplo, com:

  • Crianças saudáveis ou com algum distúrbio do desenvolvimento (ex: autismo, Síndrome de Down);
  • Gestantes e bebês;
  • Idosos saudáveis ou com alguma doença relacionada ao envelhecimento (ex: Alzheimer);
  • Pacientes com lesões ou distúrbios neurológicos (ex: AVC, doenças degenerativas do sistema nervoso, Parkinson);
  • Pessoas com transtornos mentais (depressão, distúrbios de ansiedade);
  • Portadores de deficiências (física, intelectual ou sensorial), entre outros.

Benefícios de se ouvir música :

  • Ouvir música alivia a dor
  • Música melhor a inteligência verbal
  • Melhora a qualidade do sono
  • Reduz o estresse
  • Alivia sintomas de depressão
  • Melhora o desempenho cognitivo
  • Reduz a ansiedade por alimentos
  • Ouvir música nos deixa

Assim sendo, estamos cientes dos maravilhosos benefícios da música, agindo então podemos usá-la como um remédio para nos auxiliar neste período, para enfrentar nossos medos, vencer nossas ansiedade e trazer à tona uma singela Paz de espírito. Há quem diga que: “Cada gênero musical é um universo, complexo e admirável”, sendo assim podemos buscar explorar diversos universos, e apreciar músicas que nem imaginaríamos que iríamos gostar e nos fazer bem.

Use a música a seu favor !

Notas
¹ (PLoS ONE é uma revista científica de acesso livre disponível apenas online, publicada pela Public Library of Science. Cobre principalmente pesquisa primária de qualquer disciplina na área da ciência e medicina.)
² Surgido entre o fim do século XIX e o início do século XX em Nova Orleans nos Estados Unidos, o Jazz pode ser definido como um estilo musical que preza pela improvisação, o swing e os ritmos não lineares. Outra característica deste gênero é o fato de ter sua gênese na música nega norte americana, especialmente o Blues
Referências
  1. https://radios.ebc.com.br/revista- brasil/2020/03/como-aproveitar-poder-terapeutico- da-musica-durante-pandemia
  2. http://www.blog.saude.gov.br/index.php/materi as-especiais/52505-musicoterapia-traz- qualidade-de-vida-para-pessoas
  3. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_artt ext&pid=S0066-782X2009001100015
  4. https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/ 1822/39982/3/S%20livro%20SPCE%202015% 20PCE2_EIXOS_BOOK%20CC%20%282%29
.pdf
  1. http://repositorio.unfv.edu.pe/handle/UNFV/31 42
  2. https://www.posfmu.com.br/voce-sabe-pra-que- serve-a-musicoterapiaij/noticia/560
  3. https://www.google.com/amp/s/www.mbcv.org/ single-post/2018/04/11/Musicoterapia

fonte: https://www.planetabandas.com.br/2020/05/beneficios-da-musica-no-periodo-de-distanciamento-social/